Alentejo, Agosto 2023
11 de Agosto de 2023
O dedilhado do computador acompanha-me, mas agora são as mãos do T. que se ouvem bem perto. Está calor lá fora, a aragem não é suficiente. As vespas andam de roda, os gatos miam cheios de fome no crepúsculo da noite contínua, o tempo das coisas sopra ao nosso ouvido: descansa, a vida ainda continua.Viemos de quatro rodas, não fugimos, antes abraçamos a sensação de um verão quente e calmo, só possível no paraíso desta sorte. Conduzo pela estrada fora, sorrio à possibilidade da alegria capaz de durar, dou a mão ao T. e sonho com exactamente aquilo que sinto.
Chegamos como se chegássemos a casa: a chávena da flor da selva onde o T. bebe o café, o Senhor J. que nos entrega figos acabadinhos de colher, as galinhas a passearem-se pelos recantos, o espaço feito pela mãe mas gozado por todos, a mesa de madeira maciça onde me sento a costurar, a ler, a escrever, a contemplar. Vemos filmes, dormimos sestas, mergulhamos na água, rimos como crianças que o fazem sem motivo, não esquecemos a rotina e encontramos o equilíbrio que só se consegue quando o susto antecede à leveza.
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